Tem gente que não gosta de mulher pêra. Mas também tem muita gente que adora. “Acho que os homens preferem as mulheres assim. Então, estou satisfeita”, diz a modelo Danielle Paiva. “Meu atual marido adora meu corpo assim. Ele falou que, se eu fizer uma lipoaspiração, ele até me larga”, conta a cabeleireira Vera Carvalho.
Gosto não se deveria discutir. Mas a ciência, metida que é, achou que era o caso de meter a colher nessa fruteira. Um estudo internacional revisou várias pesquisas sobre os efeitos da gordura abdominal e a das coxas, quadril e bumbum, a chamada gordura periférica, e decretou: ter o corpo em forma de pêra é melhor para a saúde do que ser do estilo maçã.
“Eu concordo com essa pesquisa. Inclusive, não tenho doença nenhuma, sou perfeita. Tenho muita saúde. Mesmo assim, com isso tudo grande”, ressalta Vera, apontando para os quadris.
Os tecidos gordurosos servem para armazenar energia. Conforme o corpo precisa, essa energia é liberada sob a forma de ácidos graxos. A gordura acumulada ao redor da cintura é facilmente liberada quando solicitada. Já a gordura periférica fica lá e funciona mais para necessidades de energia de longo prazo.
Por isso, quanto mais gordura na área abdominal, maior a chance de os ácidos graxos circularem pelo corpo e acabarem se acumulando nos músculos e em órgãos como o fígado.
Essa quantidade maior de ácidos graxos pelo corpo é uma das razões que explica porque muita gordura na barriga aumenta o risco de ter doenças cardíacas e diabetes. Mas não é a única. A gordura periférica não é apenas menos prejudicial: ela pode trazer benefícios para a saúde. “É bom, mas não quero pra mim”, resiste a dentista Ingrid Calheiros.
“A gordura acumulada no quadril e coxa é benéfica porque produz algumas substâncias que são benéficas para o organismo. São substâncias que sinalizam para o cérebro que você está alimentado. Então, você diminui a quantidade de alimentos porque aquela substância aumentou e você sabe que está bem alimentado e, principalmente, ela produz algumas substâncias que atuam nos vasos como antiinflamatórios. Ou seja, são substâncias que evitam a ocorrência de inflamação da parte interna dos vasos, que pode causar a obstrução desses vasos”, explica o médico Ricardo Meirelles, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabolismo.
Para saber se você tem risco alto ou baixo de ter doenças cardíacas e diabetes, existe uma fórmula. Meça a circunferência abdominal e divida pela medida do quadril. “O importante é que a fita não fique muito presa, ela tem que ficar meio solta”, explica a endocrinologista Luciana Lopes.
Foi o que o Fantástico fez, com a ajuda da doutora Luciana, no galpão de uma escola de samba: um pomar carregado de pêras, com todo o respeito.
Para as mulheres, se a conta da cintura dividida pelo quadril der menor do que 0,85 o risco para problemas cardíacos é baixo. Para homens, o valor de referência é 0,90. Menor do que isso, o risco é baixo. Maior, risco alto.
Conclusão: ‘no pomar do samba está sobrando saúde’.