Massacre de Realengo: O Maior Ataque Escolar do Brasil
Relembre!!! Há 13 anos, em 7 de abril de 2011, o Brasil foi abalado por uma tragédia sem precedentes: o Massacre de Realengo. Um ex-aluno invadiu a Escola Municipal Tasso da Silveira, no Rio de Janeiro, e matou 12 crianças antes de tirar a própria vida.

Na manhã daquela quinta-feira, Wellington Menezes de Oliveira, então com 23 anos, chegou ao colégio dizendo ser palestrante. A escola comemorava 40 anos e recebia ex-alunos.

Ele carregava dois revólveres calibre.38 e .32 na mochila, pelos quais pagou R$ 1.460. Após entrar, foi à secretaria, pediu seu histórico escolar e cumprimentou uma antiga professora com um beijo na testa.


Subiu para o segundo andar e invadiu uma sala onde cerca de 40 alunos assistiam aula de Português. Começou a atirar. Mirava na cabeça das meninas e no corpo dos meninos.

Disparou à queima-roupa. Enquanto recarregava, invadiu outra sala e seguiu o massacre. Ao todo, disparou 62 vezes. pic.twitter.com/PGbXLjzYlY
— Arquivo Vermelho (@ArquivoVermelho) May 5, 2025
Disparou à queima-roupa. Enquanto recarregava, invadiu outra sala e seguiu o massacre. Ao todo, disparou 62 vezes.
O aluno Allan Mendes, mesmo ferido, conseguiu escapar e pedir socorro a policiais próximos. O sargento Márcio Alves entrou na escola e confrontou Wellington, que foi atingido na barriga.

Ao cair, o atirador atirou na própria cabeça. O massacre terminou às 8h30, deixando 12 mortos e outros 12 feridos.
As vítimas fatais foram: Luiza Paula (14) Karina Chagas (14) Larissa dos Santos (13) Rafael Pereira (14) Samira Pires (13) Marina Rocha (12) Ana Carolina (12) Bianca Rocha (13) Géssica Guedes (15) Laryssa Silva (13) Milena dos Santos (14) Igor Moraes (13)

10 das 12 vítimas eram meninas. Estudos apontaram que Wellington mirava especificamente nelas. Investigações revelaram traços de ódio contra mulheres, um ataque com traços misóginos.

Em carta deixada em casa e vídeos armazenados em seu computador o atirador disse ter sofrido bullying durante a adolescência. Também fazia menções religiosas e pedia perdão a Deus.
Em carta deixada em casa e vídeos armazenados em seu computador o atirador disse ter sofrido bullying durante a adolescência. Também fazia menções religiosas e pedia perdão a Deus. pic.twitter.com/c1vKbr6xcS
— Arquivo Vermelho (@ArquivoVermelho) May 5, 2025
Especialistas como o psiquiatra forense Talvane de Moraes apontaram que Wellington provavelmente sofria de transtornos de personalidade, como paranoide ou esquizoide.
Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria, ele não tinha doença mental grave, mas transtornos que, somados ao isolamento, poderiam explicar o planejamento do crime.
Sua mãe biológica tinha esquizofrenia e o abandonou ainda bebê. Foi adotado por uma mulher que morreu em 2010, um ano antes do massacre.
Após a morte da mãe adotiva, Wellington se isolou socialmente. Passava horas em fóruns virtuais. Pesquisava sobre massacres em escolas e deixava vídeos e textos de ódio na internet.

Ele premeditou o crime por, no mínimo, dois meses. Segundo a polícia, desenhou mapas da escola, planejou a execução e organizou documentos e cartas fúnebres.
Thayane Monteiro (13 anos na época) foi atingida por quatro tiros e ficou paraplégica. Ela fingiu-se de morta para sobreviver. Anos depois, concluiu o ensino fundamental e hoje estuda Direito.

Muitos alunos e professores apresentaram traumas severos. Alguns nunca mais voltaram à escola. A repórter Daniela Kopsch cobriu o caso e escreveu o livro “O Pior Dia de Todos”, baseado em relatos reais.

A cineasta Bianca Lenti desenvolve a série “As Meninas de Realengo””, tratando o caso como feminicídio em massa. Para Bianca, Wellington foi um dos primeiros casos de “incel” (celibatário involuntário) no Brasil, motivado por ressentimento sexual e social contra mulheres.
Nos fóruns da deep web, o atirador virou uma figura cultuada por usuários extremistas. Uma realidade preocupante até hoje. O massacre impactou profundamente a educação pública. A então secretária Claudia Costin afirmou “Reformamos a escola, mas a ferida era mais profunda.”
Adriana Silveira, mãe de Luiza Paula, fundou a associação Anjos de Realengo, que promove a memória das vítimas e atua na prevenção à violência escolar. Ela também lançou o livro Meu Anjo Luiza.
Mais de uma década após o massacre, a escola passou por uma reforma completa, incluindo a construção de um novo prédio com salas de informática, biblioteca e auditório.A Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, a comunidade escolar transformou a dor em resiliência e ação.
